sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contextualizar liturgia não é o mesmo que se vender ao mercado de consumo

Contextualizar liturgia não é o mesmo que se vender ao mercado de consumo
Defensores de uma liturgia mais tradicional, especialmente neopuritanos, acusam liturgias mais, digamos, modernas de se venderem para as tendências do mercado de consumo, ou seja, são anátemas imitadoras da MTV ou do Coldplay. Calma lá, nem toda mudança é ruim, como nem toda conservação é boa, e o contrário também é verdadeiro. Devemos separar duas tendências nas transformações litúrgicas:

01. Há muita gente distorcendo uma liturgia bíblica para parecer mais agradável e conseguir seguidores, mesmo ao custo da renúncia à Palavra de Deus. Exemplo disso são cultos temáticos, que acontecem até em muitas Assembleias de Deus, como o “culto da vitória” ou “culto da cura-divina”. Ora, existe hora para Deus curar? O foco de um culto é adorar a Deus ou buscar vitórias? Bênçãos são consequências ou a essência de um “culto”?

Sim, é evidente que existe muita distorção, gente querendo ganhar poder, fama e riquezas com um culto mais
light, mas mercantil. Um culto vazio, onde Deus não é adorado, onde Deus não fala por meio de sua Palavra, onde Deus não é buscado em genuína oração... Falar em pecado? Nem pensar, pois para os mercenários é preciso só exaltar as qualidades humanas e a autoajuda das cabanas ou dos segredos.

Esse lado ruim você conhece, mas há gente séria contextualizado a liturgia.

02. É fato, o mundo muda e nós também. A liturgia tem como propósito adorar a Deus, mas a adoração ao Senhor é inteligível ao homem, pois como Paulo escreveu: “Nas reuniões da igreja prefiro dizer cinco palavras que possam ser entendidas, para assim ensinar os outros, do que dizer milhares de palavras em línguas estranhas” (I Co 14.19 NTLH). Será que um garoto nascido em uma sociedade pós-cristã como a nossa, entende o que é falado na igreja? Será que não estão falando nos púlpitos em línguas, literalmente estranhas, que ninguém entende?

Muitas igrejas adotaram a
Nova Versão Internacional nas suas leituras públicas. Por quê? Simples, a linguagem é erudita e de fácil compreensão. Significa que desprezaremos o trabalho de João Ferreira de Almeida? É claro que não. As versões Almeida continuam com sua beleza, elegância e firmeza no texto. Agora, qual das duas versões é mais compreensível nos cultos cheios de pessoas com pouquíssimo conhecimento bíblico? É resposta é evidente.

Outra. Será que as pessoas entendem expressões como varão, vaso, lírio, holocausto etc.? Não é melhor substituir por sinônimos? Além disso, as palavras mudam de conotação, exemplo maior é a expressão inglesa
gay. Antes, gay era simplesmente “alegria”, hoje todos só pensam no sujeito homossexual. Quando novo convertido, lembro o meu susto ao ouvir um hino com a palavra “gozo”. Como pré-adolescente, tal palavra para mim só tinha conotação sexual, mas não como um sinônimo de alegria. Imagino que muitos se assustam com tais palavras, que em sua época tinha um significado que no decorrer do tempo foi mudando.

Esses são só pequenos exemplos. A mudança litúrgica é sempre importante quando mantemos os princípios e valores do Evangelho, mas também quando dialogamos com as pessoas, pois adoração a Deus deve ser compreendida pelo adorador, assim para a sua própria edificação.


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